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Foto do escritorCamila Dias

De mãos dadas com a rotina

Atualizado: 17 de out. de 2024

Com a crescente busca pelas atividades que levam ao bem estar e a qualidade de vida em função do estresse prolongado e esgotamento profissional, acredito ser importante falar sobre os nossos hábitos. Quais comportamentos se repetem a ponto de se tornarem automáticos? No olhar científico a criação de um hábito está vinculada ao hipocampo, uma estrutura do cérebro essencial para a formação de memórias e a aprendizagem. O hipocampo está envolvido no processo de armazenar novos hábitos e experiências, ajudando a consolidar as rotinas em nossa memória de longo prazo. Quando repetimos uma atividade, fortalecemos as conexões neurais associadas a ela, tornando a prática mais automática ao longo do tempo. Esse processo de repetição não só facilita a construção de hábitos, mas também promove a sensação de familiaridade e conforto, essenciais para a continuidade. Segundo um estudo frequentemente citado (Lally et al., 2010), em média, pode ser necessário cerca de 66 dias para que um novo comportamento se torne um hábito automático. É importante salientar que esse é um valor médio, o tempo real pode ser mais longo ou mais curto, dependendo de diversos fatores, como complexidade do hábito, a frequência com que se pratica, o suporte social que você tem.  Mas o fato é que os dados do estudo destacam a importância da dedicação na construção de uma rotina eficaz, essencial para o nosso bem-estar e desenvolvimento pessoal. E ainda, ao escolhermos atividades que ressoem com nossos objetivos e valores, criamos um alicerce que facilita a continuidade.


Traçando um paralelo com as escrituras do Yoga, o sutra 14 do Yoga Sutra de Patanjali afirma que práticas realizadas com dedicação, sem interrupção e com devoção levam à perfeição. Essa ideia pode ser aplicada diretamente à formação de uma rotina. A prática regular, assim como as posturas do yoga, exige tempo e paciência para ser aperfeiçoada. A continuidade é, portanto, um pilar essencial. Uma rotina não deve ser vista como uma lista de tarefas, mas como um conjunto de hábitos que nos orientam e nos sustentam em nosso dia a dia. Manter essa continuidade exige flexibilidade, permitindo ajustes que atendam às nossas necessidades e circunstâncias. Isso nos ajuda a cultivar uma prática que se adapta ao longo do tempo, promovendo um crescimento constante. A importância da rotina se revela ainda mais quando consideramos seu impacto em nossa saúde mental e emocional. Uma rotina bem estruturada proporciona um senso de estabilidade e segurança, reduzindo a ansiedade e aumentando nossa produtividade. Ela nos permite gerenciar melhor o tempo, facilitando a inclusão de práticas de autocuidado que muitas vezes deixamos de lado.


Integrando as ideias de Patanjali e as descobertas de Lally, além do papel do hipocampo na formação de hábitos, podemos ver que a rotina se torna uma forma de yoga, onde cada dia é uma nova oportunidade de aprofundar-se em nós mesmos, fortalecer nossa disciplina e manifestar nossas aspirações. A jornada não é apenas sobre alcançar metas, mas sobre a transformação que ocorre ao longo do caminho, guiados pela prática constante e pela devoção ao nosso próprio bem-estar. Assim, a rotina se revela como um poderoso instrumento de autoconhecimento e evolução pessoal, essencial para construirmos uma vida plena e significativa.


Fica então a sugestão, para quem está iniciando uma atividade, proponha-se a realizar o possível, sem interrupção por 3 meses. Não há receita mágica mas há ingredientes que favorecem a aquisição dos benefícios.

E para quem já se movimenta, seguimos!


Referência: Lally, P., Van Jaarsveld, C. H. M., Potts, H. W. W., & Wardle, J. (2010). How habits are formed: Modelling habit formation in the real world. European Journal of Social Psychology, 40(6), 998-1009.

Arieira, G. (2015). Yoga Sutra de Patanjali: A essência do yoga. São Paulo: Cultrix.







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